Segundo dia da VIII Semana de Jornalismo do Cariri nos convida a refletir sobre a importância do Jornalismo Ambiental
- Postado em 23 de outubro de 2024
23 de outubro de 2024 | Autora: Yasmin Ariadne Leandro Feitoza | Fotos: Kalil Araújo | Jornalismo UFCA
O segundo dia da VIII Semana de Jornalismo do Cariri, que aconteceu ontem, 22 de outubro, na Universidade Federal do Cariri (UFCA), foi marcado por uma palestra sobre Jornalismo Ambiental e o seu papel essencial diante das mudanças climáticas.
Mediada pelo estudante Leonardo Henrique, o encontro contou com a presença de duas especialistas na área, Raquel Kariri e Maristela Crispim. As jornalistas convidaram os ouvintes a refletirem e se inspirarem a repensar e transformar as práticas jornalísticas, contribuindo, assim, de forma efetiva para um futuro mais sustentável do nosso planeta.
Raquel Kariri tem 20 anos de experiência como jornalista e ativista climática, dedicada ao bioma da Caatinga. Ela defende e atua na preservação da região em que nasceu. Atualmente, está cursando doutorado em Comunicação na Universidade Federal do Ceará (UFC), onde foca em diálogo multiespécie, buscando ampliar a compreensão sobre a interação entre humanos e outras formas de vida.
Maristela Crispim possui graduação em jornalismo e um mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela UFC. Fundadora e editora-chefe da Eco Nordeste, agência de conteúdo diversificado sobre Sustentabilidade, Maristela também leciona no Curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor). Ela é membro ativo da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (RBJA) e do conselho da Associação de Jornalismo Digital (Ajor). Ao longo de sua carreira, Maristela recebeu mais de 50 prêmios, destacando-se com o Grande Prêmio BNB de Jornalismo em Desenvolvimento Regional.
O Desafio das Mudanças Climáticas
As mudanças climáticas apresentam um cenário de destruição planetária, que se estende a queimadas, enchentes, crises hídricas e um aumento alarmante da temperatura do planeta. No entanto, como apontaram as convidadas durante a palestra, também surgem várias iniciativas de resistência a esses ataques ambientais.
Raquel Kariri, iniciou sua fala com o canto “Tava eu na minha Aldeia, pra quê mandou me chamar?” e instigou toda a plateia a entrar na sua música-manifesto com os aplausos ritmados. Após isso, Raquel levantou um questionamento: “Por que as coberturas não fazem efeito de nos tirar da apatia?”, defendendo que a dissociação do jornalismo ao representar a devastação do meio ambiente traz um “olhar de satélite”, isto é, distanciado e incapaz de enxergar os detalhes. Esses elementos, segundo a ativista e pesquisadora, tornam as notícias feitas sobre o meio ambiente sem tato e apenas reprodutoras, sem um pensamento crítico e aproximado da natureza, algo que provoque e acentue o fato de que nós estamos dentro da natureza e não externos a ela. “Essa floresta está aqui do nosso lado, não como uma paisagem, mas como um ente vivente colaborativo que colabora com as nossas vidas. Que melhora as nossas vidas”, afirmou a jornalista.
Maristela Crispim complementou a fala de Raquel e disse que a situação atual do planeta é “uma consequência e reflexo do que nós somos e do que fazemos” com o meio ambiente, e é fruto de uma sociedade apática e inconsciente, que “não sabe de onde vem a água que sai da nossas torneiras e nem para onde vai o lixo que nós jogamos fora”. Maristela também criticou o negacionismo do jornalismo ao noticiar fatalidades sobre o meio ambiente, apontando que, por vezes, as manchetes indicam que as chuvas e enchentes matam pessoas, mas na verdade essas mortes são consequência do que nós fazemos com o planeta.
Em tempos de crise ambiental, em que questões sobre o aquecimento global, as queimadas, as crises hídricas e a poluição vêm se tornando cada vez mais preocupantes, o papel do jornalismo se torna ainda mais crucial, com ênfase em denúncia e conscientização.
Inauguração do laboratório de experimentação gráfica
Além da palestra, a cerimônia, conduzida pelos estudantes Carlos Gabriel Marques e Ana Clara Freitas, também contou com a inauguração do Laboratório de Experimentação Gráfica em Jornalismo, o LEG. Coordenado pelas professoras Juliana Lotif e Elane Abreu, o laboratório, segundo Juliana, é um lugar de estudos e práticas dos conteúdos de Design aplicados ao campo do Jornalismo. Ele visa a ser um ambiente aberto para os estudantes experimentarem e criarem de forma colaborativa, estimulando o pensamento visual.
A VIII Semana de Jornalismo continua até o dia 25 de outubro com palestras, rodas de conversa, oficinas e minicursos. A programação completa está disponível no Instagram do curso: @jornalismoufca.