Com o tema “Jornalismo no Cariri: Que mundo de trabalho nos espera?”, o terceiro dia da 9ª Semana de Jornalismo do Cariri, realizado ontem (10) na Universidade Federal do Cariri (UFCA), contou com uma mesa-redonda reunindo gestores de comunicação. O encontro teve como objetivo promover o diálogo entre profissionais do mercado, estudantes e professores, abordando os desafios e as oportunidades para futuros jornalistas da região.

A mesa-redonda foi mediada por Eduarda Araújo, enquanto o cerimonial da noite foi conduzido por Leonardo Henrique e Bárbara Ivna, todos estudantes do sétimo semestre do curso de Jornalismo da UFCA. Participaram como debatedores Alinne Alcântara, coordenadora de comunicação institucional da Unileão/UniVS; Jaqueline Freitas, diretora de Jornalismo do Jornal do Cariri; e Luciano Cesário, coordenador de Jornalismo e âncora da rádio O POVO CBN Cariri.

O debate enfatizou a qualificação profissional e a multiplicidade de áreas de atuação para comunicadores no Cariri. Alinne Alcântara destacou a necessidade de um “profissional multifacetado”, capaz de atuar em jornalismo, marketing, organização de eventos e outras áreas estratégicas. Segundo ela, o mundo do trabalho do jornalista não se limita apenas ao jornalismo, pois envolve aspectos de diversos setores que integram o campo da comunicação.

Luciano Cesário reforçou a adaptabilidade exigida pela profissão atualmente, ressaltando a importância de profissionais preparados para atuar com diferentes linguagens e formatos. “A gente não está só no rádio, nem só nas redes sociais, nem só na televisão; temos que fazer jornalismo independentemente do meio”, disse Luciano. Já Jaqueline Freitas destacou a evolução do jornalismo regional após a implantação do curso de Jornalismo da UFCA, observando mudanças significativas nos meios impressos, radiofônicos, digitais e televisivos.

Durante o evento, o público pôde esclarecer dúvidas e contribuir com opiniões, trazendo à tona temas relevantes, como a cobertura de feminicídios no cenário jornalístico local. Jaqueline Freitas ressaltou que não existe uma fórmula pronta para abordar o tema, mas que a cobertura deve conter dois elementos essenciais: cuidado e apuração, sempre respeitando a ética profissional ao tratar assuntos delicados.

O debate com o público também abriu espaço para reflexões sobre portais que atuam com o objetivo de informar, mas que carecem de conhecimento e instrumentos jornalísticos adequados. Esse fato foi apontado pelos gestores como um dos principais desafios do jornalismo na região. Jaqueline destacou ainda a importância de uma qualificação continuada para consolidar a atuação profissional: “Ocupamos um espaço que precisa ser constantemente provado, mostrando que trabalhamos direito”.  Apesar das dificuldades da profissão, ela declarou sentir-se realizada ao atuar na comunicação regional. “O jornalismo no Cariri é desafiador, mas apaixonante”, declarou Jaqueline. Sua fala reforçou o posicionamento de Luciano Cesário, que apontou que a essência do jornalismo permanece, mesmo diante das constantes transformações e desafios da área.

O diálogo entre os diferentes profissionais evidenciou que o futuro do jornalismo no Cariri depende da constante atualização, da versatilidade e da ética dos profissionais, que continuam a contribuir para a construção de uma imprensa plural e comprometida com a realidade local.

Oficina e minicursos

Além da mesa-redonda, o terceiro dia do evento contou com oito atividades formativas. Foram realizados sete minicursos, abordando temas como acessibilidade no jornalismo audiovisual; a elaboração de pautas sensíveis à diversidade gênero, raça, classe e território; o uso de dados para noticiar o desmatamento; o jornalismo em quadrinhos; e a produção de podcasts. Além disso, foi oferecida uma oficina sobre scrapbook.

Carlos Gabriel, estudante do sétimo semestre de jornalismo e um dos ministrantes do minicurso “Um podcast do início ao fim”, explicou que o objetivo foi ensinar aos participantes todo o processo de criação, desde a definição da identidade visual e do tema até a edição e publicação em plataformas de áudio. Para ele, que já havia ministrado uma roda de conversa na VIII Semana de Jornalismo, esses momentos são essenciais para o aprendizado e a troca de experiências entre os estudantes. “Foi a partir dessa roda de conversa que eu ministrei que pude desenvolver o Araripa e transformá-lo em um podcast que fala sobre moda. A partir daquelas experiências e falas, consegui montar os temas que seriam tratados nos episódios e tudo mais”, contou Carlos.

A semana também oferece espaço importante para os estudantes que ingressaram recentemente no curso, auxiliando na inserção desses alunos na profissão. Alysôn Cavalcante, do primeiro semestre, participou da oficina “Scrapbook: Narrativas Visuais e Manuais”, ministrado pela estudante veterana Ayanny Costa. Ele relata que acompanhava o evento pelo Instagram antes mesmo de entrar na universidade. “Eu, por exemplo, trouxe materiais para compor meu scrapbook, que conta um pouco da minha história e da minha trajetória. Espero que fique tudo perfeito, como sonhei e idealizei, e que eu adquira muito conhecimento para levar para o lado profissional do jornalismo”, disse Alysôn.

15 anos do curso de jornalismo da UFCA

Celebrando os 15 anos do curso de Jornalismo da UFCA, a Semana de Jornalismo do Cariri segue com programação até 12 de setembro. Como parte das comemorações, será realizada nesta quinta-feira (11), às 18h30, no auditório Beata Maria de Araújo, campus Juazeiro do Norte da UFCA, a mesa-redonda “15 anos de Jornalismo na UFCA: Caminhos que vieram depois”.

A atividade reunirá egressos que atuam atualmente na comunicação regional para uma conversa sobre o impacto da formação acadêmica em suas trajetórias profissionais. Entre os participantes estão Victória Ellen, repórter do portal No Cariri Tem e ex-repórter da TV Verde Vale; Antônio Pinheiro Neto, assessor de comunicação da UFCA; Guilherme Carvalho, apresentador da rádio O POVO CBN Cariri e repórter do jornal O POVO; Saulo Mota, coordenador de redação do Portal Miséria, com experiência em comunicação institucional, produção de conteúdo, estratégias digitais e assessoria de imprensa; e Lívia Monteiro, assessora de imprensa da UNINASSAU Juazeiro do Norte.

Texto: Layanne Montenegro, Maria Eduarda Silvestre, Suellen Caldas e Nayara Rodrigues

Fotos: Valentin Bezerra, Lucas Alcindo, Ana Beatriz Vieira e Laysla Ferreira